Manaus, 18 de abril de 2024

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Foto: Boi Garantido
Foto: Boi Garantido Foto: Boi Garantido

Samel devolve Curral Lindolfo Monteverde ao Boi Garantido

Grupo Samel arrematou Curral Cidade Garantido em leilão, em 2020.

Com informações da assessoria

A Samel devolveu o Curral Curral Lindolfo Monteverde (Cidade Garantido), em Parintins, ao Boi Garantido, nesta quarta-feira (23/3). O grupo tinha arrematado o espaço, considerado patrimônio pelo bumbá, em leilão, em 2020.

O Boi Garantido atribuiu a devolução do curral à gestão de Antonio Andrade e Ida Silva, presidente e vice-presidente do bumbá, respectivamente. “O presidente eleito em meio ao desespero da perda do Curral da Cidade Garantido em 2020, Antonio prometeu em campanha lutar pela recuperação do patrimônio”, afirmou o bumbá.

O curral da Cidade Garantido é o espaço onde ocorrem os ensaios do Garantido. “Estamos devolvendo com muito orgulho algo indissociável da história do Garantido, que é parte da Cidade Garantido, ou seja: nosso complexo onde funciona a nossa fábrica de sonhos”, disse Andrade.

Foto: Boi Garantido

O presidente do Garantido destacou a atuação do Grupo Samel. “O Grupo Samel teve uma sensibilidade única. Todos sabemos que eles entraram no leilão para adquirir o patrimônio, protegê-lo e, finalmente, devolvê-lo ao seu verdadeiro dono, que é a nação vermelha e branca da Baixa de São José. Muito obrigado Beto Nicolau e a todo o Grupo Samel”, agradeceu.

Para Ida Silva, além da volta do patrimônio, a Samel devolve algo mais importante. “Eles estão recuperando a autoestima do torcedor encarnado que estava baixa depois de termos perdido, por inoperância e incompetência de quem estava à frente do Garantido, um patrimônio de valor inestimável. Só temos a agradecer”, avaliou a vice-presidente do bumbá.

A devolução ocorreu na Cidade Garantido, nesta quarta. Durante a cerimônia, o presidente do Grupo Samel, Luis Alberto, falou sobre a decisão.

“Conseguimos, hoje, materializar uma promessa que fizemos na época do leilão em que adquirimos o curral. Quando eu soube que existiam pessoas que queriam comprar para dar um outro fim econômico que não era a vocação desse lugar, eu fiquei indignado e resolvi entrar no pregão”, relembrou.

Para o empresário, que é fã da cultura parintinense do Boi-Bumbá, espaços como a Cidade Garantido devem ser protegidos por lei. “Isso aqui precisa ser tombado como patrimônio de Parintins, como patrimônio do Amazonas, como patrimônio do Brasil e do mundo”, reforçou.

Foto: Boi Garantido

Patrocínio

Além de devolver o curral, a Samel entra como patrocinador oficial do Festival Folclórico de Parintins. “O Grupo Samel adiantou cinco anos de patrocínio para o Garantido pagar suas dívidas trabalhistas. Isso por si só já é um ganho”, informou Antonio Andrade.

Com os recursos de patrocínio da Samel, o Garantido disse estar pagando credores com processos na justiça. De acordo com Andrae, a próxima fase é de credores que não entraram na justiça, mas têm declaração de débito.

Após esses processos, a intenção do presidente do Garantido é pagar credores que não têm advogado e que não procuraram a justiça mas, que, segundo o bumbá, todos sabem que é público o débito do Garantido.

“Vamos lutar para pagar todo mundo. Só precisamos que todos entendam que isso terá que ser fruto de negociações com o boi”, finalizou o dirigente do boi vermelho e branco.

História da Cidade Garantido

A Cidade Garantido é um complexo de grandes estruturas onde um dia funcionou a antiga Fabril Juta, fábrica de sacarias a base da fibra de juta.

Com a debacle da juticultura, a fábrica faliu e se tornou uma estrutura abandonada. Nos anos 1990, o Boi Garantido ganhou autorização de seus proprietários para ocupar o espaço e então construir suas alegorias.

Com a conquista da capital Manaus pela cultura do Boi-Bumbá, uma articulação entre o Movimento Amigos do Garantido (MAG), José Walmir, presidente do Garantido à época, e o então empresário Zezinho Faria, presidente de honra do Garantido, resultou na compra do primeiro dos três complexos que formam hoje a Cidade Garantido.

Em 2020, por não pagamento de parcela, perda de prazo e julgamento a revelia (quando a parte intimada não apresenta defesa ou não comparece ao julgamento) o grande galpão de alegorias e complexo administrativo foram levados a leilão pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11 Região (TRT11). O leilão ocorre no dia 24 de julho daquele ano. O valor inicial para arremate era de R$1,3 milhão.

De acordo com o Garantido, em 2022, o presidente do Movimento Amigos do Garantido (MAG), Rogério Ozores, que é sócio do Grupo Samel, divulgou a decisão que levou o grupo a adquirir o curral. “A atual diretoria perdeu todos os prazos na justiça e quando Beto Nicolau (presidente do grupo Samel) e eu percebemos que um empresário que possui rixa com o Garantido, ia entrar no leilão para arrematar o galpão, não podíamos deixar isso acontecer”, detalhou.

O bumbá afirmou que, nesta quarta, na cerimônia de devolução do espaço, o presidente do MAG estava visivelmente emocionado. “Lutei um ano e meio contra a Covid-19 e hoje estou nessa cadeira de rodas, mas, o mais importante é que eu queria estar aqui, na Cidade Garantido, patrimônio do meu boi”, declarou Rogério Ozores, em meio a lágrimas.

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