Manaus, 13 de outubro de 2024

Música

Foto: Janailton Falcão
Foto: Janailton Falcão Foto: Janailton Falcão

Karine Aguiar é eleita ‘Imortal’ da Academia Amazonense de Música

Ela ocupará a cadeira n° 40, cujo patrono é Arlindo Jr.

Da Redação

Karine Aguiar foi eleita “Imortal” da Academia Amazonense de Música. A cantora e pesquisadora, nascida em Manaus e radicada na Itália, vai ocupar a cadeira n° 40, cujo patrono é o saudoso levantador de toadas Arlindo Jr.

A posse da artista junto com outros imortais recém-eleitos será realizada em 26 de novembro de 2022, em Manaus.

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Karine Aguiar. Foto: Janailton Falcão

Ao Portal Edilene Mafra, Karine falou sobre a indicação. “Foi uma grande surpresa pra mim quando recebi a notícia. Quem fez a propositura do meu nome à Academia foi o também imortal Cláudio Abrantes (maestro). É muito importante também ter o reconhecimento dos pares pois, isto confere ainda mais credibilidade a todo o trabalho que venho fazendo nos últimos 20 anos da minha vida” destacou.

A cantora também adiantou como será sua atuação.

“Minha atuação como imortal será bastante focada na educação musical das novas gerações, no reconhecimento e na difusão da música feita pelos mestres da tradição oral no interior do Amazonas. É fundamental que nossas crianças e jovens conheçam os músicos e musicistas de dentro e de fora das grandes cidades, que ajudam a tecer a grande teia formada por tudo o que se faz e se entende enquanto música aqui na nossa terra”, explicou Karine.

Karine Aguiar é eleita para a cadeira de n° 40 cujo patrono é Arlindo Jr. Fotos: Divulgação

Escolha como ‘Imortal’

A escolha do nome da cantora como “Imortal” da Academia Amazonense de Música se deve à trajetória artística de Karine, marcada por colaborações de peso com grandes nomes da música nacional e internacional, assim como à relevância de sua contribuição enquanto pesquisadora da musicalidade amazônica.

A escolha é feita por meio de votação convocada pelo presidente da Academia, onde os membros imortais já consolidados sugerem novos nomes. O mérito de cada nome indicado é avaliado coletivamente e, então, os nomes seguem para votação entre os pares.

Sobre Karine Aguiar

Aos 35 anos, a manauara de origem simples, nascida em 27 de fevereiro de 1987 no bairro da Praça 14 de Janeiro, vem conquistando espaços importantes ao redor do mundo com o seu ‘Jungle Jazz’, um estilo musical que combina o Jazz e a musicalidade nativa da Amazônia.

Karine Aguiar estreou nos palcos aos 12 anos de idade, nos tradicionais Festivais de Calouros do Sesc AM. Aos 15 anos, estreou no palco do Teatro Amazonas como solista da Orquestra de Violões do Amazonas, sob a regência do maestro Adelson Santos.

Dos 15 aos 20 anos, participou como vocalista da banda de gothic metal Septentrionalis, sendo também convidada a estabelecer colaborações importantes na cena do heavy metal local com as bandas Glory Opera, Immortal Choir e Divine Symphony no início dos anos 2000.

Karine Aguiar. Foto: Divulgação

Entre o heavy metal e o jazz, Karine integrou por 8 anos os grupos de estudo em canto lírico da maestrina bielo-russa Natália Sakouro, pelo Liceu de Artes e Ofício Cláudio Santoro. A partir desta experiência, pôde desenvolver a técnica do canto lírico e atuar em diversas edições do Festival Amazonas de Ópera cantando em recitais e em montagens como ‘A Flauta Mágica’ (Mozart), Requiem (Giuseppe Verdi), Opera Bem Temperada, Modinhas e Lundus, Carmina Burana, entre outros.

A artista participou enquanto solista-titular por três anos da Orquestra de Violões do Amazonas, Orquestra Vozes da UFAM e da Big Manaus Band, onde teve oportunidade de atuar ao lado de grandes nomes da música amazonense como Amílcar Azevedo (in memorian), Arlindo Júnior, David Assayag e Sebastião Júnior.

Karine Aguiar. Foto: Rolando P. Guerzoni/Divulgação

Em 2012, iniciou sua carreira internacional com a gravação de seu primeiro álbum ‘Arraial do Mundo’, produzido em Nova York pelo pianista Vana Gierig, um dos maiores nomes do jazz piano da cena novaiorquina.

Já em 2014, o mesmo disco foi premiado como “Melhor CD de MPB em Paris” pelo Portail du Brésil en France, o maior site sobre o Brasil em língua francesa do mundo. A partir da referida premiação, Karine Aguiar foi convidada a estrear em solo europeu com uma apresentação na sede mundial da Unesco, em Paris, sendo uma das pouquíssimas cantoras brasileiras a pisar naquele palco.

Mas, a trajetória desta nova ‘Imortal’ é também marcada pela produção científica e pela pesquisa musical na Amazônia. Karine Aguiar é Mestra em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela UFAM, onde desenvolveu uma pesquisa de catalogação e análise das canções ecológicas do maestro amazonense Adelson Santos, autor de ‘Não mate a mata’ (Argumento) uma das mais emblemáticas obras do cancioneiro amazônico.

Karine Aguiar. Foto: Adriano Sarmento

Atualmente, está em fase de finalização de sua tese de doutorado em Ecomusicologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicap), onde vem desenvolvendo um estudo sobre a relação entre a música do Gambá de Maués e as mudanças climáticas na Amazônia. Desde 2021, Karine tem apresentado resultados parciais de sua pesquisa em importantes instituições como a City University of New York (CUNY), University of Plymouth (Reino Unido), International Society for Music Education e Society for Ethnomusicology.

Radicada na província de Firenze, Itália, desde outubro de 2020, onde vem redesenhando sua carreira para o mercado europeu, atua também como preparadora vocal do Gen Rosso International Performing Arts Group. Em dezembro de 2020 participou de ‘A joy reborn’ novo single do Gen Rosso, lançado simultaneamente para mais de 90 países em um concerto com transmissão ao vivo direto da Itália.

Em abril deste ano, estreou em rede nacional italiana a convite do Earth Day Italia com a obra ‘Lamento Caboclo’, composição de Nícolas Jr que ganhou um arranjo ‘Jungle Jazz’ na voz de Karine e seu trio.

Karine Aguiar e grupos do Gambá de Maués.. Foto: Adriano Sarmento

Academia Amazonense de Música

Atualmente, a Academia Amazonense de Música é presidida pelo cantor lírico Josenor Rocha e tem entre seus imortais o compositor Claudio Santoro, a pianista Ivete Ibiapina e o cantor Zezinho Corrêa.

Também há os maestros Nivaldo Santiago e Luiz Fernando Malheiro, dentre outros ilustres que fizeram e fazem história na música do Amazonas.

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