Manaus, 29 de abril de 2024

Cultura

Fotos: Divulgação
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Mulheres relatam readequações do trabalho artístico no AM durante a pandemia

Ione Moreno, Carolina Soler e Márcia Novo destacam superações.

Por Stephane Simões

A atuação do público feminino nos diversos segmentos profissionais precisou passar por mudanças, no período da pandemia de Covid-19. No Amazonas, artistas também precisaram se readequar, mas não deixaram de ocupar seus espaços e mostrar a força da mulher. Em entrevista ao Portal Edilene Mafra, a fotógrafa Ione Moreno, a bailarina Carolina Soler e a cantora Márcia Novo destacam os desafios e superações desse período.

A fotojornalista Ione Moreno conta que os profissionais da fotografia viveram dois cenários. Enquanto os repórteres fotográficos precisaram encarar o dia a dia nas ruas, cobrindo tragédias, os fotógrafos de eventos sociais tiveram que se remoldar, por conta da suspensão das atividades sociais.

Ione Moreno. Foto: Divulgação

“Os repórteres fotográficos não pararam, estiveram sempre à frente. Alguns chegaram até a falecer. Era como se fosse cenário de guerra mesmo. Tivemos que meter a cara, tivemos que estar dentro dos cemitérios, cobrindo as tragédias, enterros, velórios. Já os fotógrafos de eventos sociais, que cobriam outras atividades, esses tiveram que parar suas atividades. Muitos passando necessidades e precisando mudar de profissão”, diz.

Sobre a presença feminina na fotografia, Ione afirma que o mercado ainda é predominantemente ocupado por homens. E, assim como em outras profissões, ela acredita que a busca ainda é por igualdade, segurança e respeito.

“É mais um desafio em que as mulheres têm que arregaçar as mangas e mostrar seu trabalho, sua arte, seu registro fotográfico. Não temer, se impor, mostrar que é seu lugar. A fotografia é uma arte, seja ela fotojornalismo, esporte, moda, eventos. É você eternizar aquele momento”, afirma.

Ione deixa um recado para as mulheres que já atuam ou querem entrar na fotografia. “Vão em frente. Não temam, não se intimidade por nada, porque a fotografia exige muita sensibilidade, um olhar bem apurado, e nós, mulheres, temos todas essas qualidades. Por mais mulheres no fotojornalismo! Por mais mulheres na fotografia!”, destaca.

A bailarina Carolina Soler ressalta que na dança não foi diferente. No caso dela, que precisou transferir as aulas presenciais para a modalidade online, manter o engajamento dos alunos e a disciplina foi um dos grandes desafios.

Carolina Soler. Fotos: Divulgação

“Com os bailarinos em suas casas, ensaiando dentro de seus quartos ou na sala, em espaços apertados, sem barra, um piso adequado, o tempo da internet diferente em cada residência (quando tinha acesso a uma internet de qualidade), não poder corrigir pessoalmente o bailarino e mostrar a execução correta dos exercícios, manter a rotina dos exercícios, alimentação saldável e corpo e mente alinhadas, tudo isso foi um grande desafio”, relata.

Atualmente, em diversas áreas e segmentos artísticos, a mulher possui um espaço mais consolidado, na avaliação de Carolina.

“Acompanho o trabalho artístico de grandes nomes femininos em nossa cidade, em diversas áreas e segmentos culturais. A mulher tem ganhado espaço no meio artístico, inclusive nas áreas técnicas e produção, mas ainda temos muito a construir e buscar representatividade em setores gerenciais e diretorias”, acrescenta.

A bailarina parabenizou todas as mulheres e disse que “ser mulher é ser mais forte do que os olhos podem ver, é ter no coração lugar para todos os sonhos do mundo”.

A cantora Márcia Novo afirma que o ramo do entretenimento tem sido o mais prejudicado durante a pandemia. Para ela, o maior desafio tem sido manter o equilíbrio.

“São tantas dificuldades, além da reclusão, longe dos palcos. Estamos completando um ano sem fazer shows, e artista está acostumado com muita gente, abraçando e beijando. Mas não faltam energias, para criar projetos, ficando de olho em editais. Estou trabalhando muito a cabeça, pra não deixar de emanar energia boa”, ressalta.

Márcia Novo. Foto: Divulgação

Recentemente, a artista lançou um trabalho com toadas, o ‘Eletroboi’. Para ela, é uma forma de mostrar, mais uma vez, o espaço da mulher, já que o gênero musical é cantado em sua maioria por homens.

“Eu estou muito feliz de ter realizado esse trabalho, com toadas repaginadas, cantadas por uma mulher, que sou eu. A mulher tem ocupado cada vez mais espaços e parado de dividir essa questão de que o homem pode muito mais que a mulher”, fala.

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