Manaus, 19 de abril de 2024

Cultura

Fotos: Michel Dantas/SEC-AM
Fotos: Michel Dantas/SEC-AM Fotos: Michel Dantas/SEC-AM

Integrantes dos Corpos Artísticos do AM mostram versatilidade nas bandas do Caprichoso e Garantido

Musicistas adaptam estilos de ritmo para performances nos bumbás.

Com informações da assessoria

Para defender as cores dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, no Festival Folclórico de Parintins, integrantes dos Corpos Artísticos do Amazonas mostram versatilidade no Bumbodrómo. Do lado azul estão Giovanny Conte e Gabriel Lima, e do lado vermelho estão Elena Koynova e Ênio Prieto.
 
O violista Gabriel Lima conta que sua história com o Caprichoso começou em janeiro de 2018, quando ele recebeu o convite, por meio de Neil Armstrong e Labamba, para montar o trio de cordas para gravação de um CD e para fazer um solo.

Professor na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e integrante da Amazonas Filarmônica desde 2007, além da Orquestra de Câmara do Amazonas (OCA), o músico também passou a escrever as partituras para violino, viola e violoncelo combinarem com o ritmo de boi.

“A minha função é arranjador das cordas e, desde então, consolidamos o trio no Caprichoso. Inovamos ao trazer arranjos escritos em partituras já que os dois bois ficam competindo a todo tempo”, afirma Gabriel Lima.

O violista Gabriel Lima combina o ritmo de boi com as partituras para violino, viola e violoncelo. Foto: Micahel Dantas

O violista destaca que a diferença entre os estilos é minimizada com os arranjos. Ele explica que, para escrever as cordas no boi-bumbá, são necessárias adaptações, uma vez que uma noite na arena tem variações nos ritmos conforme a performance dos itens.
 
Quem também faz parte da banda oficial do Caprichoso desde 2018 é o violinista Giovanny Conte. Assim como Gabriel, ele é integrante da Amazonas Filarmônica há 16 anos. Também faz parte da OCA. Giovany lembra que, na época, a toada que mais marcou foi ‘Dowari – O Caminho dos Mortos’, que tinha solo do trio de cordas.
 
“Foi a nossa estreia e encantou a nação azulada, inclusive, nesse ano, o Caprichoso ganhou. A sensação na arena do Bumbódromo, ao sentir o vibrar dos tambores da Marujada de Guerra, foi contagiante e assim começou essa paixão pelo boi”, comenta o músico.
 
Giovanny Conte diz que, apesar dos estilos distintos, não há muita diferença no sentido da paixão pelo fazer musical, tanto que, atualmente, os compositores do Caprichoso já escrevem toadas pensando na inclusão dos instrumentos eruditos.

Apesar da diferença de estilos musicais, o violinista Giovanny Conte sente a mesma paixão pelas toadas. Foto: Michael Dantas

Veteranos

A búlgara Elena Koynova, que desde 1999 atua como violinista da Amazonas Filarmônica, defende as cores do Garantido há 20 anos. Ela conta que a trajetória no bumbá vermelho e branco iniciou com um convite para participar da gravação de um CD. Ela não imaginava o que estava por vir.
 
“Esperava que fosse gravação e ponto final, só que, quando chegou a época do festival, em junho, me chamaram para participar na arena também e, para ser sincera, eu nunca imaginei me sentir daquele jeito, uma coisa inesquecível”, lembra.

“Quando a Batucada começou a tocar, eu fiquei toda arrepiada e as lágrimas caíram, foi tão emocionante, que começou minha paixão pelo boi. Participei do festival em 2013, 2014, 2016, 2019 e, sempre que estive na ilha, o Garantido ganhou, então eu acho que sou pé quente”, afirma.
 
A musicista diz que admira as pessoas que trabalham na produção musical e artística dos dois bois, pelo talento e pelo trabalho com paixão.

A violinista búlgara Elena Koynova participa do Festival de Parintins desde 1999. Foto: Michael Dantas

Ênio Prieto, saxofonista da Amazonas Jazz Band há 11 anos e professor no Liceu Claudio Santoro, também está no universo dos bumbás desde 2001. A porta de entrada foi pelo Bar do Boi do Caprichoso, no Sambódromo, quando tocou na banda do Prince do Boi. A primeira vez em Parintins aconteceu em 2006, a convite do Boi Garantido.
 
“Comecei as atividades na arena do Bumbódromo ao mesmo tempo que passei a trabalhar nas gravações dos CDs, principalmente do Garantido, que eu mais gravei. Mas fiz parte das duas bandas oficiais”, conta o artista. “Foram 12 festivais, seis participações no Garantido e seis no Caprichoso”, completa.

O saxofonista Ênio Prieto já participou das duas bandas oficias de bumbás. Foto: Michael Dantas

De volta à Ilha Tupinambarana neste mês, para a Parintins Live, Ênio destaca que fez reflexões sobre a representatividade do festival para a sua carreira profissional.
 
“Não esperava tocar no festival e, quando eu vi, eu já estava inserido dentro no processo. É realmente muito representativo, porque é um conjunto de fazeres artísticos onde você encontra várias cabeças de alta qualidade, para que aquilo possa acontecer”, elogia. “Posso falar pelos dois bois, até porque somos profissionais, eu visto a camisa de qualquer um que eu for trabalhar e fico orgulhoso pelo festival, do que representa como cultura realizada no nosso Estado”, diz.

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