Manaus, 20 de abril de 2024

Cultura

Fotos: Marinho Ramos/Semcom
Fotos: Marinho Ramos/Semcom Fotos: Marinho Ramos/Semcom

Prefeitura de Manaus lança 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus

A mostra integra a programação do aniversário de Manaus.

Com informações da assessoria

A Prefeitura de Manaus lançou, nessa quarta-feira (15/9), a 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus – Meu Povo. A exposição de obras de artes visuais, que integra a programação do aniversário de Manaus, ficará aberta para visitação do público de 22 de setembro a 25 de outubro.

O evento de lançamento ocorreu no salão nobre do Palácio Rio Branco, Centro Histórico de Manaus. O Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com o apoio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), realizou uma minivernissage – evento cultural.

Estiveram no evento, o presidente do Concultura, Tenório Telles; o vice-presidente do Concultura, Neilo Batista; o presidente da Manauscult, Alonso Oliveira; a titular da Coordenação dos povos indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Marcivana Sateré-Maué; o professor-doutor João Paulo Barreto Tucano, curador da mostra que marcou o início do evento com a fala ‘Nossa arte não é material’.

“A mostra é um evento simbólico, porque representa esse compromisso do prefeito David Almeida, de reconhecer nossa ancestralidade indígena e principalmente valorizar as populações indígenas de Manaus”, explicou o presidente do Concultura, Tenório Telles.

De acordo com Telles, o evento marca as comemorações do aniversário de 352 da cidade de Manaus.

O evento, feito para divulgação da mostra, contou com a presença dos oito artistas plásticos indígenas que moram em Manaus e dois convidados do município Autazes, e da Venezuela o povo warao: Paulo Olivença, Tuniel Mura, Chermie Ferreira Kokama, Jaime Diákara Dessana, Kina Kokama, Otilia Warau, Tchanpan Marikawa, Kawena Marikawa.

Indígenas e autoridades municipais participara do evento de lançamento. Fotos: Marinho Ramos/Semcom

As obras de arte são quadros em tela e madeira, cestaria, marchetaria, técnicas de pintura tradicionais, grafite e material orgânico da floresta.

O presidente da Manauscult, Alonso Oliveira, afirmou que a realização da mostra está dentro do plano de governo da atual gestão, que começou com a criação da Aldeia da Memória Indígena, na praça Dom Pedro II.

“A mostra tem forte repercussão local e possivelmente nacional, e marca o pagamento do passivo histórico desse silêncio de mais de 351 anos”, disse Alonso.

A coordenadora do Copime, Marcivana Sateré-Maué, lembrou que vários artistas indígenas já vinham se destacando no eixo Rio-São Paulo. “Desde o primeiro evento no memorial em abril, com a presença do prefeito David Almeida, as manifestações realizadas no espaço do santuário da praça vão gerando interesse da sociedade e da própria mídia em estar acompanhando os acontecimentos”, afirmou.

Foto: Marinho Ramos/Semcom

Arte indígena

Para a curadora da mostra, Monik Ventilari, com a exposição, Manaus entra no circuito de cidades que valorizam a arte indígena.

“Nossa mostra é diversa e mistura o artista aldeado, que fez sua primeira tela e primeira exposição, como o Tuniel Mura, como Paulo Olivença, que está há várias décadas no mercado de arte. Além das obras clássicas, há objetos culturais como cestaria, cerâmica, entalhe, plumagem que trazem sua história e cultura”, destacou.

Com seu estilo universal impressionista, o veterano artista plástico Paulo Olivença explicou que usa a linguagem do impressionismo para retratar seu universo indígena e amazônida, com objetos icônicos como o homem, a canoa e a flecha.

Seus quadros estão avaliados em preços a partir de R$ 4 mil, e ele justifica que sua carreira está consolidada com o reconhecimento do mercado e os prêmios que ganhou ao longo da trajetória.

O estreante no mundo das artes é filho do povo mura, e saiu da aldeia Murutinga, no município de Autazes. Suas telas são expressões de sonhos e imagens de sua cultura, com a presença do boto no imaginário de sua gente.

A técnica de pintura é outra peculiaridade do artista que usa o capim pé-de-pinto para fazer seus pincéis. “Eu tentei pintar com pincéis tradicionais, mas não me adaptei, e decidi fazer minhas obras para a mostra, com o capim”, contou.

Foto: Marinho Ramos/Semcom

Presença feminina

A mostra conta com presença feminina. São quatro artistas. “A origem do mundo vem da mulher, e essa presença ancestral eles trazem para a gente, da cultura ocidental europeia”, destacaou Ventilari.

A artista Chermie Ferreira Kokama possui 18 anos de carreira, e tem o grafite como técnica de origem. Hoje tenta levar para a arte de rua o estilo impressionista que está estudando.

Morando em Manaus atualmente, ela começou a carreira em São Paulo, sendo a primeira indígena a fazer parte da ZIV Galery. A artista criou uma série de obras no Beco do Batman, tradicional espaço do grafite paulista.

Recentemente, suas obras foram escolhidas para a exposição no cenário do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo.

“Apresentei uma série de quatro quadros para esta mostra com as matriarcas da cultura indígena, utilizando seus saberes da medicina tradicional e a necessidade da gente continuar passando para as novas gerações”, disse Chermie.

Foto: Marinho Ramos/Semcom

Mostra

A 1ª Mostra de Arte Indígena de Manaus vai ter a abertura oficial ao público no dia 22 de setembro e receberá visitas até o dia 25 de outubro, culminando com o aniversário de 352 de Manaus, no salão de entrada do Palácio Rio Branco, na Avenida 7 de setembro, praça Dom Pedro II, Centro Histórico de Manaus.

De acordo com a Prefeitura de Manaus, é a primeira vez em 352 anos de existência que a capital amazonense vai ter uma mostra genuinamente indígena com a participação de oito artistas e mais o centro indígena Bahserikowi, com objetos dos povos Tukano, Dessana e Tuyukas do alto rio Negro.

Além de Manaus, foram convidados uma artista do povo warao da Venezuela e outro de uma aldeia mura de Autazes.

A mostra indígena reúne variados estilos de arte, com quadros retratando os grafismo ritualísticos e antropológicos, bem como a arte urbana das novas gerações que vivem na capital, esculturas e objetos que retratam as várias culturas presentes como a Mura, Kokama, Dessana, Tukano, Tuyuka e Warao.

A criatividade indígena como arte é expressa na pintura corporal, nas cerâmicas, plumagens, nos artefatos, nas cestarias e nas máscaras com representações de suas cosmografias.

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