Nesta semana, o Governo do Amazonas montou uma força-tarefa para investigar o surto de rabdomiólise em municípios do Estado. A síndrome está associada à Doença de Haff, conhecida popularmente como doença da ‘urina preta’.
Nesta sexta-feira (3/9), técnicos do Estado realizaram coleta de água e de peixes in natura em Itacoatiara. O material vai ser analisado em Manaus.
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Tatyana Amorim, diretora-técnica da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas- Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), afirma que nessa sexta não houve novos registros da doença no Estado. “Mantivemos o número de casos notificados em 54, no que se refere à rabdomiólise, e sete pessoas internadas em Itacoatiara. Não tivemos registro de notificações de rabdomiólise neste dia”, reforça.
Dos 54 casos da síndrome notificados no Amazonas até esta sexta-feira, 36 são de Itacoatiara, sendo que uma dessas pessoas morreu. O Estado também registra casos de rabdomiólise em outras cidades: quatro em Silves, quatro em Borba, três em Manaus, três em Parintins, um em Caapiranga, um em Autazes, um em Maués e um em Manacapuru.

O governo estadual enviou a Itacoatiara especialistas da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf) e do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), da FVS-RCP. Os técnicos investigam a fundo as possíveis causas e formas de combater o surto da doença no Amazonas.
Um comunicado divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) nesta semana orienta que os moradores de Itacoatiara evitem o consumo de pescado extrativo, ou seja, de peixes que são provenientes de lagos e rios. Os moradores devem evitar o consumo de pirapitinga, pacu e tambaqui pelos próximos 15 dias.
A recomendação para os demais municípios é de alertar a rede de saúde para a identificação de possíveis novos casos e orientar a população quanto aos sinais e sintomas da doença.
Os peixes são uma forte suspeita, mas o Estado ainda investiga a origem do surto.
A origem do pescado vendido no Estado têm preocupado a população. Consultado pela reportagem, o engenheiro de pesca Erivan Oliveira, que atua como consultor de diversos frigoríficos, afirma que os peixes de viveiro comercializados por supermercados são seguros.
“O consumo de pescado da piscicultura é totalmente seguro devido todos os processos de controle sanitário que esse pescado passa tanto na parte da piscicultura, quando é despescado, quando nos procedimentos que são realizados dentro dos frigoríficos”, disse.
“Não há relato, na literatura, que houvesse algum tipo de ocorrência de doença, principalmente a que está ocorrendo em alguns municípios, que é a Doença de Haff, a doença da ‘urina preta’, em peixes da piscicultura. Então, podem consumir pescado normalmente oriundo da piscicultura, desde que o vendedor apresente o atestado sanitário, o guia de transporte e outras documentações que garantam a origem desse pescado”, acrescentou.
A rabdomiólise é uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lesão muscular com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação sanguínea. Os sintomas da doença surgem de 30 minutos a 24 horas após o consumo.
Procedência
É importante ter atenção na hora de conservação o peixe – qualquer que seja a espécie e procedência. O produto deve ser mantido no gelo para evitar a degradação da proteína e riscos à saúde que vão além da rabdomiólise.
Sobre atendimentos em casos de suspeita da doença, em Manaus, pacientes adultos podem buscar uma unidade de saúde de urgência e emergência (SPA, UPA ou Pronto-Socorro). O Hospital e Pronto-Socorro da Criança (HPSC) da Zona Oeste está preparado para atender o público infantil.
Pacientes com sintomas de rabdomiólise do interior deverão fazer o primeiro atendimento no hospital ou outra unidade de saúde do município e, caso haja necessidade, a unidade hospitalar deverá fazer o encaminhamento para os hospitais de referência na capital.
*Esta reportagem foi veiculada na Rádio Panorama de Itacoatiara, neste sábado (4/9). Todos os sábados, o Programa Tudo a Declarar leva ao ar uma matéria especial sobre saúde, produzida pela jornalista Edilene Mafra.