Manaus, 25 de abril de 2024

MEMÓRIAS

Foto: Arquivo da Família
Foto: Arquivo da Família Foto: Arquivo da Família

Diógenes Santos registrou cotidiano de Fordlândia em fotos e fundou duas empresas no AM

Santos trabalhou na Fordilândia de 1927 a 1939.

Por Eliena Monteiro

O português Diógenes Tavares dos Santos chegou ao Brasil em 1920, aos 17 anos de idade. Ainda jovem trabalhou na Fordlândia, cidade erguida pela Companhia Ford Industrial do Brasil no Pará, no início do século XX. Depois, passou a morar em Manaus, no Amazonas, onde virou empresário e fundou duas empresas.

Belisário Arce, neto do português, conta que Santos trabalhou na Fordilândia do início ao fim das operações da Ford na localidade, ou seja, de 1927 a 1939. “Quando a Fordlândia começou a ser construída, ele tinha 20 e poucos anos, era jovem ainda. E ele foi logo chamado para trabalhar lá”, relata.

No tempo que esteve em Fordlândia, Diógenes Santos fez registros fotográficos da localidade. As imagens foram expostas em uma mostra realizada no Estado do Pará, em 2017. “Algumas fotos das instalações, fotos das plantações, mas também fotos do dia a dia”, destaca Belisário.

Veja algumas fotos abaixo:

Depois que chegou a Fordlândia, em pouco tempo, Santos ficou responsável pela seleção de brasileiros que iriam trabalhar na Companhia Ford Industrial do Brasil e formou família na cidade, casando-se com Alice Santos. “Ele ajudou a Fordlândia desde o início, em 1927. Em seguida, ele passou a ser responsável pelo setor de requisição de materiais. Ele era responsável por todas as compras que faziam para o local”, afirma.

Família de Diógenes Tavares dos Santos, 1934, em Fordlândia. Foto: Arquivo da Família

Quando a gestão americana deixou a localidade, o português se tornou o administrador geral de Fordlândia. Depois que a companhia encerrou as atividades no local, Santos decidiu morar em Manaus, onde virou empresário e fundou a Santos & Cia.

“Eu passei a infância, adolescência e juventude ouvindo as histórias que o meu avô, minha mãe [Mimi Santos] e as pessoas que moraram lá contavam”, lembra Belisário.

Mimi Santos, filha de Diógenes Tavares dos Santos e mãe de Belisário Arce. Foto: Arquivo da Família

Para Belisário Arce, o conhecimento que Diógenes Santos adquiriu no tempo em que trabalhou com os americanos fez dele um empresário de sucesso em Manaus.

“As pessoas falam que Fordlândia foi um fracasso. Não sei se foi um fracasso totalmente. Para as pessoas que viveram lá, foi bom. Os salários que eles ganhavam era acima da média no Brasil. Me avô conseguiu economizar. Com o dinheiro que ele ganhou, ele conseguiu a empresa dele aqui em Manaus em 1940”, afirma, ao citar a Santos & Cia.

Alice Santos, esposa de Diógenes Tavares dos Santos e avó de Belisário Arce. Foto: Arquivo da Família

Conforme Belisário, em 1967, Santos fundou a Importadora Adal Magazin, uma das primeiras empresas de importação na Zona Franca de Manaus (ZFM). “Esse assimilou a gestão norte-americana. Como gestor em Fordlânia, ele teve que aprender inglês e isso teve impacto para ele. Ele conseguiu rapidamente ser revendedor e representante de empresas do Japão, da Itália, da Alemanha”, destaca.

Diógenes Santos, à esquerda. Foto: Arquivo da Família

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