Manaus, 25 de abril de 2024

Amazônia

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal Foto: Arquivo Pessoal

Inpa realiza live sobre plantas medicinais da Amazônia com a participação de doutor em Botânica

O evento acontecerá na sexta-feira (30/7).

Com informações da assessoria

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) vai realizar, na sexta-feira (30/7), a live ‘Plantas úteis da bacia amazônica para fortalecimento e recuperação da saúde: Uma verdadeira Tecnologia Social ancestral’. O evento terá a participação de Juan Revilla, doutor em Botânica.

A live será transmitida pelo canal do Inpa no YouTube, a partir das 9h, no horário de Manaus.

Também está sendo disponibilizada uma ficha de inscrição gratuita, para quem quiser receber declaração de participação de 3 horas. Os interessados podem clicar aqui.

A coordenadora de Tecnologia Social do instituto, a psicóloga Denise Gutierrez, que vai atuar como mediadora, explica que o evento busca explorar as possibilidades de articulação do conhecimento científico em botânica e o conhecimento ancestral na Amazônia, focando a atenção no emprego de ervas para fins medicinais.

“A trajetória de mais de 40 anos do palestrante como pesquisador do Inpa na área de Botânica e suas práticas de campo, auxiliando comunidades excluídas da região, permite um consolidado de conhecimentos úteis à população, inclusive para enfrentamento de infecções virais, como ainda estamos vivendo com a pandemia de Covid”, destacou Denise Gutierrez.

Fruta amazônica
Plantas medicinais da Amazônia. Foto: Arquivo Pessoal

Convidado

Pesquisador do Inpa há mais de 40 anos, Juan Revilla atua na pesquisa, ensino e utilização de plantas nativas da Amazônia no tratamento de diferentes doenças. “Temos que valorizar a floresta amazônica no sentido de entender que as plantas da região têm utilidade, faltando descobri-las, utilizá-las e transformá-las em produtos”, comenta o doutor.

Entre as plantas com potencial fitoterápico e econômico estudadas por Revilla, estão o uxi amarelo, útil no tratamento de distúrbios menstruais, inflamações do útero, miomas e hemorragias, e a unha de gato, que possui propriedades anti-inflamatórias eficazes no tratamento de tumores e candidíase, além de ser antiviral. O biólogo também pesquisa a aplicação da casca do jatobá no combate à gripe, cistite, bronquite e infecções da bexiga.

Minibiografia

Juan Revilla é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Nacional Mayor San Marcos em Lima, Peru, e tem mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Botânica Tropical) pelo Inpa.

Atualmente, é pesquisador titular do Instituto da Coordenação de Biodiversidade do Laboratório de Inventário Florístico e Botânica Econômica. Também é membro (colaborador com mais de 60 hectares de inventários florísticos realizados na Amazônia) do Banco de Dados de Inventários Florestais e Florístico da Amazon Tree Diversity Network (ADTN).

É ainda, coordenador e executor de vários projetos institucionais na área de inventário florístico e etnobotânica; autor de várias obras, dentre elas os livros: ‘Plantas úteis da Bacia Amazônica’, ‘Cultivando a saúde em hortas caseiras e medicinais’, ‘Corantes Naturais’, ‘Apontamentos para a cosmética amazônica e Plantas da Amazônia: oportunidades econômicas e sustentáveis’.

Juan Revilla atua na pesquisa, ensino e utilização de plantas nativas da Amazônia no tratamento de diferentes doenças. Foto: Reprodução/Facebook

Jardim botânico

No período da pandemia, Revilla se dedicou mais ao estudo de campo, na região de Manaquiri (AM), onde está localizado o ‘Economic Botanical Garden Project’, propriedade privada da família do pesquisador, que pretende torná-lo o maior jardim botânico de plantas de valor econômico da Amazônia.

Atualmente, conta com mais de 1600 plantas, mas há a intenção de instalar 3 mil plantas, todas catalogadas. “Também temos unidades demonstrativas. Plantamos camu-camu, jenipapo, açaí, entre outras plantas que podem ser utilizadas no tratamento de doenças”, completou o pesquisador.

Até o momento, o Jardim Botânico é aberto apenas para a realização de pesquisas, porém Revilla afirma que está viabilizando os recursos para que em breve a população tenha acesso ao conhecimento das plantas ali implantadas.

Laboratório de medicamentos fitoterápicos

Outro sonho de Juan Revilla é referente à proposta para a implantação de laboratório de fitoterápicos no município de Manaquiri, que teria o papel de transformar plantas amazônicas em produtos fitoterápicos, como chás desidratados e medicamentos com extratos em pó, líquidos ou comprimidos.

O uso de fitoterápicos no tratamento de doenças é uma opção terapêutica presente no sistema público de saúde, institucionalizado na Portaria Nº 971, de 3 de maio de 2006, embora ainda necessite de maior conhecimento da população. Revilla ressalta que já há comprovação científica de que certas plantas têm propriedades que auxiliam no tratamento de doenças, a exemplo da unha de gato no combate a infecções virais. Quando bem orientada e usando as plantas medicinais adequadas, uma pessoa tem alta possibilidade de recuperação de doenças crônicas.

Revilla pretende tornar uma propriedade privada em Manaquiri, o maior jardim botânico de plantas de valor econômico da Amazônia. Foto: Arquivo Pessoal

Capacitação de produtores rurais e profissionais de Saúde

O trabalho do pesquisador na cidade de Manaquiri oferece ainda a possibilidade de capacitar produtores rurais para o desenvolvimento de negócios sustentáveis pautados em insumos da floresta amazônica.

“Estamos trabalhando com uxi amarelo, unha de gato, ipê roxo, jatobá, entre outras plantas transformadas em produtos in natura que também podem ser usadas no preparo de xaropes, cremes e pomadas. Criamos uma técnica para transformar chá em pó. Após a pandemia, teremos condições de fazer muitos cursos em Manaquiri. Será uma oportunidade de capacitar a população do município para que eles também desenvolvam trabalhos que possam gerar renda”, comentou o biólogo.

Além dos produtores rurais, o pesquisador almeja continuar ministrando treinamentos para profissionais de saúde sobre coleta, cultivo, armazenamento, processamento, uso e aplicabilidade de plantas medicinais. Diversas dessas ações tiveram início em Manaquiri, com capacitações de agentes de saúde, mas o objetivo é que seja disseminado aos demais municípios do Estado do Amazonas e outros estados da Amazônia.

Também em Barreirinha foram capacitados, além dos agentes de saúde, todo o corpo médico compreendendo médicos, técnicos e enfermeiros. Essas iniciativas tiveram forte parceria do Sebrae, porém por questões de conjuntura política e falta de recursos, essas ações foram descontinuadas.

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