A equipe do projeto ‘Harpia’ tem monitorado um ninho de gavião-real (Harpia harpyja) com filhote de dois meses, que nasceu na Comunidade União, em Porto Grande, no Amapá. A rede de apoio trabalha pela conservação da espécie, pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A espécie, que está ameaçada de extinção no Brasil, possui crescimento populacional lento e precisa de extensas áreas preservadas para sobreviver.
O ninho é o primeiro ativo, no Amapá, com a presença de um filhote, segundo a pesquisadora do Inpa e coordenadora do projeto, Tânia Sanaiotti. A Harpia harpyja está classificada na ‘Lista Brasileira de Espécies Ameaçadas’ na categoria ‘Vulnerável’. Nos últimos dez, no Estado, houve quatro resgates de harpia por ações antrópicas, e em nenhum dos casos as aves puderam retornar.
“Outros dois ninhos foram registrados entre os anos de 2009 e 2012 por pesquisadores de outros projetos, Christian Andretti e Marcus Canuto. Entretanto visitas realizadas por nossa equipe não encontraram a presença da ave ou do ninho desde então”, contou Sanaiotti.
A espécie depende de florestas para construir seus ninhos em árvores bem altas. Em Porto Grande, o ninho, que está a 30 metros de altura, encontra-se em um angelim. O ninho é monitorado semanalmente. A ideia é agregar parceiros durante o ano de 2021, já que o filhote dependerá exclusivamente dos pais para trazerem alimento até o seu primeiro ano de vida.
Preservar a árvore do ninho é uma das ferramentas de conservação da espécie realizada pelo projeto ‘Harpia’, pois a águia costuma retornar a cada dois ou três anos para se reproduzir na mesma árvore. Como o tronco está comprometido, a madeira não foi explorada.

Vulnerabilidade da espécie
Considerado a maior ave de rapina do Brasil, o gavião-real, também chamado de harpia, vive nas Américas Central e do Sul, mas a maior população encontra-se na Amazônia, considerando a ampla extensão de floresta ainda disponível no bioma. As principais ameaças são a caça e a perda de hábitat pelo desmatamento e plantio de soja.
No Amazonas, durante a pandemia de Covid-19, em 2020, houve dois resgates da espécie. Um dos casos foi de um gavião-real alvo de disparos que foi a óbito, apesar dos esforços das equipes envolvidas do Centro Triagem de Animais Silvestres (Cetas/Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio) e clínica veterinária voluntária. O segundo resgate, um filhotinho, sobreviveu graças ao cuidados da equipe do zoológico do CIGS.
Projeto Harpia
Iniciado no Inpa, em 1997, o projeto ‘Harpia’ conta, atualmente, com vários grupos regionais e núcleos em outros biomas, unindo esforços de várias instituições. O objetivo é devolver à natureza o maior número de harpias possível, para que possam deixar sua contribuição genética para as populações da espécie no Brasil.
Mapear ninhos, sensibilizar proprietários particulares ou entorno de Unidades de Conservação é um dos caminhos para manter os sítios reprodutivos e aumentar as chances de sobrevivência do filhote durante a dispersão. Atualmente 60 ninhos ativos são monitorados pelo projeto nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.Da