Nesta quinta-feira (5/3) é comemorado o Dia Nacional da Música Clássica. A data homenageia o legado do compositor Heitor Villa-Lobos, além de ser uma forma de divulgar o gênero musical no Brasil. O dia é comemorado desde 2009 e marca também o nascimento do compositor.
Heitor Villa-Lobos nasceu em 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro. Ele compôs, durante a vida, quase duas mil obras, dentre Bachianas Brasileiras, choros, concertos e obras para violão. Villa-Lobos morreu em 17 de novembro de 1959, também no Rio de Janeiro.
Além de homenagear Villa-Lobos, o dia também é uma forma de divulgar a música clássica. A data foi proposta pela revista cultural Viva Música. E em 2009 foi definida entre os profissionais do setor.
“O dia ajuda a promover a música clássica e aumenta a visibilidade nos meios de comunicação. A homenagem é justa. Villa-Lobos é o grande nome da música clássica no Brasil e um dos maiores nomes das Américas. É um gigante e representa muito bem o Brasil”, disse a editora da revista, Heloísa Fischer.
O presidente da Academia Brasileira de Música (instituição que, por sinal, foi fundada por Villa-Lobos) e diretor da Sala Cecília Meirelles, maestro João Guilherme Ripper, destaca a importância de uma data para celebrar a música clássica brasileira e Villa-Lobos.
“Villa-Lobos sintetiza a musicalidade brasileira. A obra sintetiza as vertentes europeia, africana, indígena. Isso tudo encontrou nele um gênio que colocou na pauta de uma forma realmente maravilhosa essa música que tanto nos representa”, afirmou.
Ripper falou ainda que a influência de Villa-Lobos, que também era um ‘chorão’ (músico de chorinho), se estendeu à música popular do Brasil. “Ele encontrou um contraponto do violão no choro e a música de bar. A harmonia tem consequências na música popular. Quanto de Villa-Lobos nós encontramos em Tom Jobim?”, falou.
Para o compositor Henrique Machado, o caráter da obra de Villa-Lobos torna mais justa ainda a homenagem. Segundo ele, a obra do compositor o ajudou no aprimoramento de sua técnica musical.
“Villa-Lobos tinha um lado nacionalista. De trazer paisagens em suas composições. Tocar uma composição de Villa-Lobos é sinal de ter um nível mais avançado automaticamente. Porque, geralmente, não são peças fáceis de se realizar. Acaba servindo para medir o quão avançado um instrumentista é”, acrescentou.
O músico destacou que o legado de Villa-Lobos vai muito além da técnica. “Pelo manuscrito dele, você vê o sentimento falando mais alto. Se você tem uma peça técnica, OK. Mas se tem uma peça com sentimento, é essa que toca o público. As músicas do Villa-Lobos tinham muito disso. Era um bom equilíbrio entre a parte técnica e sentimental. Até hoje eu escuto Melodia Sentimental e vou juntinho com a melodia do começo. E quando eu ouço a Valsa da Dor, eu choro. Eu sinto a dor da melodia”, relatou.
Dez clássicos da música clássica
Embora o Dia Nacional da Música Clássica homenageie o nascimento de Heitor Villa-Lobos, engana-se quem pensa que o gênero se limita ao compositor. A prova disso está em uma playlist de ‘clássicos da música clássica brasileira’, selecionada pela Rádio MEC. Na lista, há composições do século 19 até músicas contemporâneas. As obras estão em ordem cronológica. Confira:
1) Te Deum – Padre José Maurício Nunes Garcia
2) Ópera O Guarani – Carlos Gomes
3) Obras para piano – Glauco Velasquez
4) Série Brasileira – Alberto Nepomuceno
5) Bachianas Brasileiras – Heitor Villa-Lobos
6) Choros – Heitor Villa-Lobos
7) Obra para violão – Heitor Villa-Lobos
8) Maracatu do Chico Rei – Francisco Mignone
9) Piedade – João Guilherme Ripper
10) Scherzo da Sinfonia nº1 em Sol Menor – Henrique Machado