Manaus, 24 de abril de 2024

MEMÓRIAS

Foto: Reprodução Livro 'Manaus - Amor e Memória', de Thiago de Mello
Foto: Reprodução Livro 'Manaus - Amor e Memória', de Thiago de Mello Foto: Reprodução Livro 'Manaus - Amor e Memória', de Thiago de Mello

Djalma Batista e o desbravamento em Saúde na Amazônia

Foi em Manaus que desenvolveu carreira como médico e pesquisador.

Por Edilene Mafra

Djalma Batista foi um médico, escritor e cientista brasileiro que desbravou a Amazônia e encabeçou pesquisas que contribuíram com o desenvolvimento da região por meio dos inventários sobre as peculiaridades locais e o modo de viver das populações.

Djalma da Cunha Batista nasceu em 20 de fevereiro de 1916, em Tarauacá, no Acre. Filho de Gualter Marques Batista e Francisca Acioli da Cunha Batista, mudou para Manaus onde cursou o secundário no tradicional Colégio Dom Bosco.

Estudou medicina na Universidade Federal da Bahia e se formou em 1935. Mas, foi em Manaus que desenvolveu sua carreira como médico e pesquisador. Também foi professor universitário da disciplina de Patologia na Faculdade de Medicina.

Em sua atuação na medicina, foi médico assistente da Santa Casa de Misericórdia, analista da Casa Doutor Fajardo, tisiólogo do Dispensário Cardoso Fontes, membro da Liga Amazonense contra a Tuberculose, Médico da Escola Técnica de Manaus e Diretor do Sanatório Adriano Jorge.

Djalma Batista também foi membro da Academia Amazonense de Letras, do Conselho Estadual de Cultura, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). No Inpa, se consolidou como pesquisador em saúde na Amazônia.

Foto: Reprodução Livro ‘Manaus – Amor e Memória’, de Thiago de Mello

Pesquisa na Amazônia

A pesquisadora em Pensamento Social na Amazônia, professora-doutora Marilene Corrêa, explicou que Djalma Batista era dedicado a causas relacionadas à sociedade e à natureza. Também tinha a preocupação de abrir caminhos para a realização de pesquisas que poderiam mudar a realidade da Amazônia e promover o seu desenvolvimento.

“O que estava em causa naquele momento era a necessidade de mais pesquisa, de mais inventários científicos sobre a natureza e sobre as populações, da melhor condução de políticas públicas, de projetos da Amazônia para o desenvolvimento e da necessidade de saneamento geral. Não se poderia desenvolver a Amazônia sem pensar numa engenharia sanitária para a Amazônia. Nesse sentido, o doutor Djalma Batista deixou uma escola de pensamento acerca das doenças tropicais, da pesquisa, das instituições de pesquisa e prioridades de investigação na Amazônia”, afirmou.

Segundo Marilene Corrêa, uma proposta do cientista era que a Amazônia deveria ser interpretada e compreendida a partir de sua produção intelectual, a partir do diálogo entre diferentes campos disciplinares e suas respectivas áreas de competência e conhecimento.

“A primeira grande contribuição que o doutor Djalma Batista nos deixa é a institucionalidade da pesquisa dentro da área médica e da área biomédica. Ele não só deixou um laboratório, mas deixou uma equipe com essa visão de pesquisa, que pode ser reproduzida e ampliada em outras esferas para outros alunos. Ele escolheu as pessoas que queria aprimorar e formar porque tinha uma visão de Amazônia. Ele tinha uma visão de como as instituições poderiam funcionar na Amazônia, de modo positivo, para superar a ignorância, a falta de políticas públicas de saúde e a ausência de qualidade na pesquisa. Isso dependia muito dos esforços pessoais e do foco”, ressaltou.

Com suas pesquisas sobre a Amazônia, seus povos, peculiaridades e, especialmente, sobre as doenças da região, Djalma Batista deixou um legado aos pesquisadores, principalmente para os da área da saúde.

Ele morreu no dia 20 de agosto de 1979, aos 63 anos. Hoje, Djalma Batista dá nome a uma das principais avenidas de Manaus.

Bibliografia

Como pesquisador, Djalma Batista foi autor de inventários científicos, artigos e livros. Entre as suas obras de destaque, estão:
• Letras da Amazônia (1938)
• Paludismo na Amazônia (1946)
• Codajás, Comunidade Amazônica: estudo médico-social de uma População Hinterlândia Amazônica (1960)
• Da habilidade da Amazônia (1963)
• O Complexo da Amazônia (1976)
• Amazônia, Cultura e Sociedade (2006)

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