Manaus, 5 de maio de 2024

Cinema

Dira Paes e Babu Santana participam da abertura do Festival de Cinema das Periferias da Amazônia

Atores vão participar da abertura do evento, no sábado (10/4).

Da redação

A 3ª Festival de Cinema das Periferias da Amazônia – Telas em Movimento terá como tema ‘Navegações inclusivas’. O evento será realizado entre os dias 10 e 30 de abril. Na abertura, os atores Dira Paes e Babu Santana vai discutir inclusão digital e a democratização do acesso ao cinema.

A programação do festival, realizado por profissionais do Pará, conta com palestras, oficinas, circuito de cineclubes, mostra de filmes e de video mapping.

A idealizadora do projeto, Joyce Cursino, ressaltou que o evento refletirá sobre a exclusão digital. “Apontar que existem pessoas que estão à margem da conexão e, portanto, à margem de direitos básicos, principalmente, no cenário de pandemia. Trabalho remoto, aula virtual, auxílio emergencial, todos esses processos dependem do acesso e quem não tem acaba ficando de fora. É desumano”, afirmou.

A abertura, que ocorre no sábado (10/4), terá um bate-papo virtual que conta com a participação de Dira e Babu. A paraense conta com mais de 35 anos de carreira, coleciona personagens marcantes na TV e no cinema, além dos seus trabalhos como atriz.

Dira também é ativista dos direitos humanos e defensora de causas sociais e ambientais. “É fundamental no Estado do Pará, quando falamos de inclusão digital e inclusão social. A gente sabe que na Amazônia os estados são com terras descontínuas, ou seja, que você não chega por terra. O título [desta edição] do Telas em Movimento faz todo sentido”, disse. “Meu olhar como atriz vai muito do meu olhar como cidadã, esse olhar de cidadã me formou como atriz. eu conheço o povo de perto, e isso é fundamental para quem quer ser ator, tem que ter esse contato com o que é de mais humano na vida”, completou.

Nesta edição, o projeto apoia a Campanha Terra Solidária, iniciativa do projeto Tela Firme que busca ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social do bairro da Terra Firme, periferia de Belém, capital do Pará.

Dira Paes e Babu Santana. Fotos: Leo Aversa e Divulgação

Cinema nas periferias

O evento também pretende discutir a democratização do acesso ao cinema nas periferias, principal objetivo do projeto Telas em Movimento. “A chegada do cinema às comunidades do Brasil gera reflexão, instiga a imaginação, a interpretação e leitura do mundo através da exposição de histórias. E quando me perguntam o que o cinema pode fazer neste período que estamos vivendo de pandemia, entendo que o cinema poderia moldar a empatia das pessoas, a sensibilidade, influenciar no cuidado mútuo em comunidade, pois o cinema é isso, ajuda na construção do cidadão para refletir, aliviar do cotidianos, entreter e informar”, destacou Babu.

O ator, que começou sua carreira fazendo parte do projeto social de teatro ‘Nós no Morro’, no Vidigal (RJ), ganhou destaque na mídia após sua participação no reality show Big Brother Brasil (BBB 20) e por ser uma figura influente que levanta debates sobre pautas raciais e em defesa da cultura nas favelas.

No domingo (12/4), a programação segue com a palestra ‘O Panorama da Inclusão Digital e a Covid-19 no Norte do Brasil’, que será ministrada pela Cooperação da Juventude Amazônica pelo Desenvolvimento Sustentável (Cojovem). A turma também contará com a participação de jovens do Movimento República de Emaús. De acordo com a organização, a palestra funcionará como fomento para a produção da oficina de audiovisual que ocorrerá entre 13 e 16 de abril com jovens das ilhas, quilombos e periferias do Pará atendidos pelo projeto.

“Temos mais de 4 milhões de nortistas sem acesso a internet, à margem do exercício pleno da sua cidadania, o que é muito preocupante em meio à pandemia, onde a principal medida do combate a Covid-19 é o distanciamento social, e temos uma parte da população que sequer consegue se expressar ou ter acesso à benefícios essenciais para se manter. Por isso, a importância de pautar inicialmente essa reflexão para os participante das oficinas, onde esses jovens que estão inseridos nesse contexto precário de inclusão digital, impossibilitados de exercerem com dignidade seu trabalho de forma remota ou estudar com qualidade, a se questionarem como isso afeta o seu futuro, nas possibilidades de estudo e empregabilidade e na manifestação da sua cidadania, para a partir daí construir sua narrativa audiovisual”, disse Karla Giovanna Braga, que integra o Cojovem.

As oficinas vão resultar em uma mostra com os filmes produzidos pelos jovens. As produção serão divulgadas de 19 a 23 de abril no Instagram e no canal do YouTube do Telas em Movimento. A distribuição será via WhatsApp.

Circuito de Cineclubes

Nos dias 13 e 14 de abril, de 17h às 19h, o festival promove o ‘Circuito de Cineclubes’. A história dos cineclubes no Brasil e no Pará será tema do bate-papo com Marco Antônio Moreira, presidente da Associação dos Críticos de Cinema do Pará (ACCPA).

Também será possível conhecer a história de alguns dos cineclubes da Região Metropolitana de Belém, como: Cineclube da TF, Tela Firme, Cine Guamá, Instituto Bamburusema, Sapato Preto, Cine Ribeirinho e Cine Cabocla, que integram as ações do Telas em Movimento desde 2019. O bate-papo ocorrerá pela plataforma Zoom e será aberto ao público com inscrições prévias pelo link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeXX5RcnfyJVomEawYWTrgIpPAjLNKFwsgy97tR2J4ukp5-Qg/viewform.

Video mapping

O festival vai realizar uma projeção audiovisual com desenhos feitos por crianças. O conteúdo foi animado por artistas pretos periféricos de Belém.

As animações são resultado de um extenso trabalho realizado pelo projeto em 2020, o ‘Telas da Esperança’, que reproduziu para o audiovisual o imaginário das crianças sobre o coronavírus a partir dos desenhos das crianças dos bairros do Guamá, Terra Firme e Ilha do Combu.

A organização do evento afirmou que o local e data não serão divulgados para evitar aglomerações.

Conexões com a APAE

Encerrando a programação do evento, a fonoaudióloga Isabel Ventura vai ministrar uma oficina sobre cuidados básicos com a voz para comunicadores do estúdio de rádio e TV do projeto da Associação de Pais e Amigos do Excepcionais (APAE). Esses comunicadores também irão protagonizar o bate-papo ‘TV e Rádio com APAE Belém: inclusão, potencialidades e autonomia’, que vai ao ar no dia 28 de abril.

Telas em Movimento

A 3ª edição do Festival Telas em Movimento foi contemplada pela Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura do Pará e Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo, por meio do edital de Festivais Integrados. “As gravações das lives estão seguindo todas as recomendações das autoridades de saúde em virtude da pandemia da Covid-19”, destacou a organização do evento

O projeto Telas em Movimento vem desenvolvendo trabalho nas periferias urbanas e ribeirinhas da Região Metropolitana de Belém do Pará, desde 2019. O foco está na ampliação dos debates e produção cinematográfica e artística.

Desde o início, o projeto é realizado pela Negritar Filmes e Produções em parceria com uma rede de colaboradores, cineclubistas e apoiadores que juntos tiveram um papel de cobrança de políticas públicas para as periferias.

Durante a pandemia, O Telas em Movimento realizou as ações ‘Telas contra a Covid’ e ‘Telas da Esperança’, mobilizando alimentos, kits de higiene e difundindo informação sobre a Covid-19. Também incentivou as crianças à imaginação criativa por meio dos seus desenhos.

Resumo da programação

Programação externa ao público:

10 de abril, às 19h – Live de abertura ‘Democratização do Acesso ao Cinema’, com Dira Paes e Babu Santana no YouTube.

13 e 14 de abril, de 17h às 19h – Circuito de Cineclubes: A história dos cineclubes no Brasil e no Pará com Marco Antônio Moreira, via Zoom.

19 a 23 de abril – Mostra dos resultados da oficina nas redes sociais do projeto.

28 de abril, às 19h – Live: ‘TV e Rádio APAE Belém: inclusão, potencialidades e autonomia’

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