Manaus, 24 de abril de 2024

Música

Fotos: Fecani e Elisa Telles/Divulgação
Fotos: Fecani e Elisa Telles/Divulgação Fotos: Fecani e Elisa Telles/Divulgação

Parceria entre Ludi Sousa e Begê Muniz rende premiações no Fecani 2021

Pai e filho ganharam em Melhor Arranjo e 3° lugar de Melhor Música.

Por Eliena Monteiro

Ludi Sousa e Begê Muniz conquistaram duas premiações na 36ª edição do Festival da Canção de Itacoatiara (Fecani). A parceria entre pai e filho rendeu o prêmio de Melhor Arranjo e o 3° lugar de Melhor Música para a canção ‘Zôca’. A composição é assinada pelos dois.

O Fecani 2021 começou no sábado (4/9) e encerrou na noite dessa segunda-feira (6/9), com o anúncio dos vencedores da Melhor Canção.

Begê conta que o pai participa do Fecani desde de 1993. “Praticamente todo ano ele classificava uma música para participar do festival”, lembra.

O evento tem valor afetivo para o artista que, além de cantor, é compositor, ator, diretor e roteirista. “Acredito que o Fecani faz parte da minha formação artística, pois desde criança acompanhava meu pai participando nos bastidores, nos ensaios, no convívio com outros compositores, com os músicos da banda base”, destaca Begê.

Zudi Sousa, no Fecani 2021. Foto: Reprodução/Fecani

‘Zôca’

A partir do convívio com o pai em diferentes edições do festival, o artista decidiu participar do evento como compositor. Begê escreveu a música e apresentou a Ludi, que deu retoques à composição.

“O curioso que nós inscrevemos para participar da edição passada do Fecani. No entanto, ela não foi classificada. Este ano decidimos inscrever novamente, apostando na qualidade da música e, felizmente, deu certo, e estamos bem feliz com o resultado”, comemora.

De acordo com o artista, ‘Zôca’ foi escrita especialmente para o Fecani. “O tema da letra é bem forte e tem a ver com o festival, pois Zôca, na história que a música conta, seria um herdeiro de Ganga Zumba, um personagem lendário na luta contra a escravidão no Brasil”, detalha.

A canção mescla baião com dois ritmos africanos. “Tem tudo a ver com o estilo de Ludi Sousa, pois é sua marca registrada”, ressalta Begê, ao destacar a interpretação dada pelo pai, que cantou a música no palco do Fecani.

Zudi Sousa interpretou ‘Zôca’ no Fecani 2021. Foto: Reprodução/Fecani

Parceria

Pai e filho têm parceira de longa data. “Desde sempre, acompanhei meu pai durante muito tempo tocando em bares em Manaus. No final do ano passado fizemos um show juntos no Teatro gebes Medeiros, onde eu também estava lançando meu EP ‘Íris’, que foi um momento especial também”, afirma Begê.

O artista revela que os dois têm um projeto de shows pronto para ser executado. “Se chama Gerações Amazônicas”, diz. A previsão é que as apresentações sejam realizadas em espaços públicos do Amazonas.

Pai e filho cultivam parceira de longa data. Foto: Elisa Telles/Divulgação

Ludi Souza

Ludi Sousa é cantor e compositor. Nasceu no Estado do Maranhão, mas há muitos anos mora em Manaus, onde começou sua trajetória artística.

Músico autodidata, Ludi Sousa deu início à vida musical aos 17 anos de idade, cantando e tocando guitarra em bandas de baile.

A partir de 1993, participou de vários festivais pelo Brasil. “Logo, suas músicas começaram a chamar atenção tanto dos apreciadores da boa música, quanto dos grandes cantores e intérpretes locais e até regionais, passando em pouco tempo a ser visto como um dos compositores mais influentes do Amazonas”, ressalta a biografia do artista.

Composições de Ludi Sousa foram gravadas por: Zezinho Corrêa, Cristina Oliveira, Edson Santos, Márcia Siqueira, Célia Moreno, Raiff Matos, Salomão Rossy, Carrapicho, Suá Sem Dó, Capim Canela, Sabor da Terra, Thara, Grupo Imbaúba, Maciel Melo, Geraldo Azevedo, entre outros.

“Como cantor se destaca por sua voz classificada como ‘forte e diferente’ e pelos seus shows, sempre regados por uma grande fusão de ritmos, fato que dá autenticidade ao seu trabalho”, diz a biografia.

Lançou seu primeiro disco, ‘Retrato’, em 2004. Atualmente, tem divulgado seu mais recente trabalho, o CD e DVD ‘Aguaceiro’, gravados no Teatro Amazonas. O projeto, lançado em 2013, conta com participações especiais de Geraldo Azevedo, Maciel Melo, Simône Ávila, e Antônio Pereira.

Em 2014, Ludi Sousa mudou para o Rio de Janeiro, onde adotou o novo nome artístico; antes, ele usava Lucevilson de Sousa.

Na ocasião, também realizou uma turnê pelos estados do Rio de janeiro e São Paulo. Fez apresentações em palcos, como Teatro do Sesc-Rio, Sesc Pompéia-SP. Se apresentou, ainda, em vários programas de rádio e televisão, entre eles Sr. Brasil, apresentado por Rolando Boldrin.

Em novembro de 2015, Ludi Sousa começou uma turnê pelo Nordeste, passando por 12 cidades dos estados da Paraíba.

Ludi Sousa. Foto: Elisa Telles/Divulgação

Begê Muniz

Artista versátil, Begê Muniz passeia na área musical, na TV e no cinema. O amazonense foi protagonista do aclamado ‘A Floresta de Jonathas’, filme dirigido por Sergio Andrade, e integrou produções da Rede Globo, como a novela ‘Além do Horizonte’.

Como diretor, lançou o curta-metragem ‘Jamary’. O filme tem ganhado destaque nacional. Foi selecionado pelo Festival Internacional de Cinema Fantástico (Cinefantasy) e para o Festival Digital Curta Campos do Jordão. Também entrou na lista da 1ª Mostra de Cinema Fantástico de Rondônia (Fantacine).

O curta-metragem também foi selecionado para o seu primeiro festival internacional de cinema fora do Brasil, o CineEco 2021. A estreia está marcada para acontecer em Portugal, no mês de outubro.

Begê Muniz. Foto: Elisa Telles/Divulgação

Confira a letra de ‘Zôca’

Zôca

Ê menino ! Ê menino, Zôca, Zôca vem cá !
Ê menino ! Ê menino, Zôca, Zôca vem cá !
És filho da corte, do Congo, primeiro herdeiro do trono da Mãe Africa
Tambores de todas as peles, corpos, formas e cores vêm anunciar
São dois pra lá, são dois pra cá,roda girou, chegou capoeira
Já tem um tempo que zumba herói do quilombo, seu filho na roda batizou
O suor já quebrou as correntes, em palmares um grito de alegria ecoou.
A ponteira pegou ! não tem mais capitão !
O Capoeira deixou no chão .
Ê menino ! Ê menino, Zôca, Zôca vem cá !
Ê menino ! Ê menino, Zôca, Zôca vem cá !
Corre ! avisa pro Zumba chegou bandeirante a Guerra vai começar
Filho prepara o corpo a mente, peça, proteção dos orixás
O povo pediu um canto negro se ouviu
Uma novo movimento surgiu .
Zôca teu corpo toca o chão
Mas tua voz ninguém silencia mais
O brado de dor, toda nação escutou
Correntes não mais é tempo de paz.

Assista à apresentação de ‘Zôca’ no Fecani 2021:

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