Manaus, 25 de abril de 2024

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Fotos: Arquivo da Família
Fotos: Arquivo da Família Fotos: Arquivo da Família

Trans morta em Manaus era artista e tinha própria companhia de animação de festas

Principal suspeito do crime é o policial militar Jeremias Silva.

Por Stephane Simões

Uma “menina muito sonhadora”: é assim que Hylma Silva, 41, define a filha ‘Manu’. A manauara Manuella Otto, 25, assassinada no último dia 13 deste mês de fevereiro, em Manaus, era artista e criadora da Companhia Magia das Fadas. Segundo a mãe, a transexual sempre teve paixão pelas artes e cultivava muitos planos.

Hylma conta que Manuella já nasceu artista. Sempre foi uma pessoa muito extrovertida, gostava de aproveitar a vida e amava crianças. Ela tornou-se trans em 2015.

Manu cultivava sonhos. Foto: Arquivo da Família

“Estava sempre alegre, rindo, bagunçando comigo e com o irmão. Quando as minhas sobrinhas vinham pra cá, a Manu virava uma criança. Ela gostava muito de crianças”, lembra a mãe.

A paixão por crianças se transformou em profissão. Como empresária, ‘Manu’ era proprietária da Companhia Magia das Fadas, desde 2010, oferecendo serviços de animação de festas com personagens vivos, em festas de crianças e debutantes. Com o grupo, também atuava no teatro infantil.

“Ela fazia visitas nos hospitais, levava alegria para as crianças que estavam internadas. Manu tinha o coração muito grande. Na Magia das Fadas, ela colocava ‘Sonhe, que a Magia das Fadas realizará’. E a Manuella era assim, ela sonhava, colocava no papel e realizava. Uma menina muito sonhadora, almejava tudo de bom na vida. Fez sua partida muito precoce e hoje nos deixa um pouco órfão”, acrescenta Hylma.

Manu, de preto, criou companhia de animação de festas. Foto: Arquivo da Família

Investigação

O principal suspeito do crime é o policial militar Jeremias da Costa Silva. Ele foi preso preventivamente, pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), na última quinta-feira (18/2).

Segundo a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), a Corregedoria Geral do Sistema de Segurança abriu um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) em nome do policial militar Jeremias da Costa Silva. O crime aconteceu em um motel, no bairro Monte das Oliveiras, Zona Norte de Manaus, no dia 13 de fevereiro deste ano.

Manu foi assassinada neste mês. Foto: Arquivo da Família

Na manhã dessa sexta-feira (20/2), familiares e amigos de Manuella Otto estiveram na DEHS, onde fizeram uma manifestação pedindo que o crime seja investigado de maneira rápida, com a condenação do suspeito e expulsão da corporação.

“Pedimos justiça no sentido de que ele não deva apenas ser preso, mas também ser expulso da corporação da Polícia Militar do Amazonas. Nesse sentido, nós estaremos pedindo justiça junto à Ordem dos Advogados do Brasil Amazonas [OAB-AM] e diremos também junto à Comissão de Direitos Humanos da OAB, que nos apoia, para que possa pedir que se faça justiça. O movimento LGBT do Amazonas irá fazer vários atos e manifestações pedindo justiça por Manu. Até que ela [justiça] seja feita, nós estaremos nos manifestando”, disse, ao Portal Edilene Mafra, Bruna La Close, presidente do movimento LGBT Manaus.

Bruna La Close e a família de Manuella Otto, em frente à Delegacia de Homicídios do Amazonas. Fotos: Reprodução/Instagram

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