Manaus, 24 de abril de 2024

Cultura

Foto: Oliveira Júnior/Manauscult
Foto: Oliveira Júnior/Manauscult Foto: Oliveira Júnior/Manauscult

Prefeitura prepara inauguração da Aldeia da Memória Indígena de Manaus

Memorial será inaugurado na segunda-feira (19/4), Dia do Índio.

Da redação

A Prefeitura de Manaus está preparando a inauguração da Aldeia da Memória Indígena de Manaus para a na segunda-feira (19/4), data em que se comemora o Dia do Índio. Localizado na praça Dom Pedro II, Centro, o memorial celebra a presença e contribuição dos povos para a formação cultural e social da capital amazonense.

A produção do evento é da Fundação de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) e do Conselho Municipal de Cultura (Concultura). As duas instituições gravaram vídeos que serão exibidos durante a inauguração. As produções reúnem falas de anciãos, lideranças e grupos musicais indígenas em plena praça, agora memorial oficial dos antepassados dos índios tarumãs, passés, baniwas, barés e manaós.

Memorial será inaugurado na segunda-feira (19/4), Dia do Índio. Foto: Oliveira Júnior/Manauscult

De acordo com o presidente do Concultura, Tenório Telles, para facilitar o processo de conscientização e de acolhimento da sociedade, quanto à existência e importância do cemitério indígena, estão sendo desenvolvidos projetos com objetivo de aproximar a população de Manaus da história e memória indígena. Tudo começa com o reconhecimento oficial do território sagrado, onde será criado o memorial indígena de Manaus.

Discursos

Um dos depoimentos gravados, que será exibido na cerimônia inaugural, é do kokama Carmelindo Moraes, o ‘Mindu’, de 82 anos, que mora em Manaus desde 1984. Nascido em um seringal, no município de São Paulo de Olivença, a 975 quilômetros da capital, Mindu – que é filho de indígenas aldeados – trocou a vida de seringueiro, pescador e coletor, pela de pedreiro na construção civil na capital, onde constituiu uma família com nove filhos e 14 netos.

Ele disse sentir orgulho em saber que no subsolo da praça Dom Pedro II, onde gravou sua fala para a inauguração do memorial, estão sepultadas várias gerações de indígenas, os seus ancestrais. “Esse memorial é muito importante para nossa gente e vai servir, não só para nós, mas para as novas gerações, que vão ter o respeito de toda gente”, disse o ancião, citando que até agora só as autoridades, os grandes comerciantes, são considerados os fundadores desta cidade, e que espera ver isso mudar no futuro.

Localizado na praça Dom Pedro II, Centro, memorial celebra contribuição dos povos para a formação cultural e social da capital. Foto: Oliveira Júnior/Manauscult

Segundo a Prefeitura de Manaus, foram selecionados seis indígenas residentes em Manaus pela suas histórias e trajetórias de sobrevivência e afirmação cultural em suas comunidades espalhadas por vários bairros da capital.

A dirigente da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), Marcivana Saterê-Maué, ressaltou que a criação do memorial e a atuação dos indígenas, como protagonistas, representa um conquista. “Nosso grande problema na cidade foi sempre a invisibilidade, a negação de que Manaus tem suas raízes indígenas, que sua criação é a partir da presença dos europeus”, contou a líder, justificando que as falas dos indígenas, com destaque numa inauguração, é um marco histórico, dando base para uma nova narrativa do processo civilizatório a partir de agora.

Um outro destaque do cerimonial de inauguração será a presença de uma mestre de cerimônias indígena, a apurinã Jéssica Batista, de 28 anos, bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Nascida em Manaus, filha de pai da aldeia Talmiri, no município de Tapauá – a 566 quilômetros da capital -, e mãe da aldeia Jauarì, do município de Beruri – a 173 quilômetros de Manaus -, ela foi indicada pela Copime para dar o tom de protagonismo em todo o processo de criação do memorial.

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