Manaus, 29 de março de 2024

Cinema

Cineasta Paulo Thiago morre aos 75 anos, no Rio de Janeiro

Ele dirigiu longas que marcaram a história do cinema nacional.

Da redação

O cineasta brasileiro Paulo Thiago morreu na madrugada deste sábado (5/6), no Rio de Janeiro. O produtor e diretor tinha 75 anos.

Paulo Thiago estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, desde o dia 7 de maio. Conforme a assessoria de comunicação, a morte foi causada por parada cardíaca, resultado de uma doença hematológica.

Cineasta Paulo Thiago. Foto: Reprodução

Carreira

Paulo Thiago nasceu em Vitoria, Espírito Santo, em 8 de outubro de 1945. Passou a morar no Rio de Janeiro aos cinco anos de idade. Na ‘Cidade Maravilhosa’ viveu intensamente todas as ondas culturais que tiveram a capital como palco.

Na adolescência, foi aluno de violão de Roberto Menescal, e se aproximou da turma da Bossa Nova. Compôs com Zé Keti e Sidney Miller a música ‘Queixa’, que conquistou o terceiro lugar no Festival da Canção da TV Record, em 1965.

Estudou Economia e Sociologia Política na PUC do Rio. Mas se encantou com o cinema nas sessões da Cinemateca do Museu de Arte Moderna e do Cine Paissandu, que formou gerações de cineastas.

O cineasta dirigiu longas que marcaram a história do cinema nacional, como ‘Vagas para moças de fino trato’ (1993); ‘Policarpo Quaresma, herói do Brasil’ (1997); ‘Orquestra dos meninos’ (2008); ‘Jorge, um brasileiro’ (1989) e ‘Sagarana, o Duelo’ (1974), que foi o representante do Brasil na Competição Oficial do Festival de Berlim.

Paulo foi um dos poucos cineastas do Brasil agraciado com o Prêmio da FIPRESCI, pelo seu primeiro filme, ‘Os senhores da Terra’.

Foi produtor atuante com obras que marcaram o início dos anos 80 no país, produzindo os longas ‘O bom burguês’ (1982), de Oswaldo Caldeira; ‘Beijo na boca’ (1981), de Paulo Sérgio Almeida; e ‘Engraçadinha’ (1981), de Haroldo Marinho Barbosa.

A assessoria ressaltou que Paulo Thiago foi um homem do cinema, respeitado e ouvido pelos colegas, participando intensamente do movimento em prol do crescimento dessa arte no país.

Foi Presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica e Audiovisual do Rio de Janeiro (SICAV) e da Associação Brasileira de Produtores Cinematográficos, e um dos fundadores da Associação Brasileira dos Cineastas.

Apaixonado pelas palavras, Paulo Thiago também esteve envolvido com a adaptação para o cinema de livros e peças como ‘Policarpo Quaresma’, de Lima Barreto. Aos 23 anos, interessado na arte da escrita, ouviu do escritor Antônio Callado que “romance é arte para depois dos 40”.

Seguiu o conselho e lançou seu primeiro livro, ‘Cassino de Sevilha’, depois dos 50. “A poesia é a arte da juventude, mas o romance é a arte da memória, exige vivência”, disse, em reportagem ao jornal O Globo, na época do lançamento.

Velório

Paulo Thiago será velado neste sábado somente por familiares. O cineasta deixa a família com quem compartilhou sua paixão pelo cinema: a esposa, Gláucia Camargos, que é produtora e os filhos Pedro Antonio, cineasta, e Paulo Francisco, músico.

Atualmente, ele se preparava para rodar ‘Rabo de Foguete’, baseado na obra de Ferreira Gullar, e um documentário sobre o grupo musical MPB4.

Filmografia

Como diretor:

A Última Chance (2018), com Marco Pigossi, Doidas e Santas (2016), Fábio Leão – Entre o crime e o ringue (2013), Orquestra dos Meninos (2008), Coisa Mais Linda: Histórias e Casos da Bossa Nova (2005), O Vestido (2003), Poeta de Sete Faces (2002), Policarpo Quaresma: Herói do Brasil (1998), Vagas para Moças de Fino Trato (1993), Jorge, um Brasileiro (1989), Sagarana, Águia na Cabeça (1984), A Batalha dos Guararapes (1978), Soledade, a Bagaceira (1976), Museu do Ouro de Sabará (curta-metragem) (1975), Sagarana, o Duelo (1974), Os Senhores da Terra (1970), A Criação Literária de Guimarães Rosa (curta-metragem) (1968), Memória e Ódio (curta-metragem) (1967), O Homem na Praça (curta-metragem) (1965), e Baixada Fluminense (curta-metragem) (1964).

Como produtor:

Aparecida: O Milagre (2010), Fulaninha (1986), Muda Brasil (1985), O Bom Burguês (1983), Beijo na Boca (1982), Engraçadinha (1981).

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