‘Cidade Invisível’, da Netflix, faz sucesso e recebe críticas e elogios de amazonenses
O folclore brasileiro invadiu as telas do mundo com ‘Cidade Invisível’.
15/02/2021 10:59
Por Júlia RodriguesO folclore brasileiro invadiu as telas do mundo com ‘Cidade Invisível’, produção original da Netflix. A nova série, que retrata as lendas de Cuca, Saci Pererê, Iara, Boto-cor-de-rosa e Curupira, surpreendeu e tem recebido elogios e críticas de amazonenses.
Além do sucesso no Brasil, a série entrou para o Top 10 da Netflix em países como França, Chile, Itália, Estados Unidos, Argentina, México, Uruguai, Portugal e Espanha.
Para a estudante de administração Isabela Freire, a narrativa da produção é diferente das demais. O que mais chamou a atenção da universitária foi a mistura de folclore e investigação policial.
“A série em si é muito boa mesmo. Eu me surpreendi, porque a produção está a nível Hollywood. Os efeitos visuais não me incomodaram, a fotografia é boa também – teria ficado melhor se fosse aqui no Amazonas -, e o trabalho de expressão corporal dos atores é muito bom, principalmente do Curupira. Não acho necessário uma segunda temporada, mas se fizerem vou achar ótimo também”, comentou a estudante.
Isabela criticou o cenário escolhido para a ambientação da série, e ela não está sozinha. Nas redes sociais, espectadores comentaram que a produção deveria ter escolhido Manaus ou outras cidades da região Norte, onde o folclore brasileiro estaria ‘mais presente’.
“O que deixou a desejar, na minha opinião, foi que a história se passa no Rio de Janeiro. A produção poderia muito bem ter sido gravado aqui [Manaus], ou ao menos filmado algumas cenas e, depois, no Rio mesmo – na famosa ‘cidade cenográfica’. Eles até tentaram justificar o Boto de água doce no mar, mas não ficou legal”, explicou Isabela.
O estudante Alan Nascimento destaca que os grandes acertos da série foram a urbanização das lendas e o fato delas se adaptarem ao novo mundo; a valorização do folclore brasileiro e o incentivo à preservação das florestas.
“A escolha dos atores foi um acerto, principalmente o Fábio Lago no papel de Curupira. O enredo poderia ser um pouco melhor. A série desperta a curiosidade de muita gente que não conhece bem as lendas e histórias do nosso folclore”, disse o estudante.
Já a universitária Thais Dantas, estudante de história, sentiu falta de representatividade em ‘Cidade Invisível’.
“Sentimento de apropriação seria perfeito para definir isso. A descaracterização da Iara, transformada em um personagem marinho, foi a parte mais complicada de assimilar. São essas pequenas coisas que complicam bastante o abraço do povo nortista para a série. E, aliás, é bem válido a opinião do Norte brasileiro sobre esses debates, pois temos o maior estado [Amazonas] e com a porcentagem mais preservada da floresta amazônica, de onde originou-se a maioria dessas lendas”, afirmou.
Apesar das críticas, Thais também definiu a série como uma obra pioneira e espera que, se houver uma próxima temporada, a produção explore cada vez mais, e de forma aprofundada, o folclore brasileiro, sem deixar de lado os “verdadeiros créditos”.
Enredo
Depois de encontrar um Boto-cor-de-rosa morto em uma praia no Rio de Janeiro, o detetive Eric (Marco Pigossi), da Delegacia Ambiental, se envolve em uma investigação de assassinato e descobre um mundo habitado por entidades míticas geralmente invisíveis aos seres humanos.
A série, criada por Carlos Saldanha, é estrelada por Marco Pigossi e Alessandra Negrini. A produção está disponível na Netflix desde o dia 5 de fevereiro.