Manaus, 25 de abril de 2024

Amazônia

Foto: Divulgação
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Comunidades ribeirinhas recebem capacitação para conservação da floresta, no AM

Ação tem reduzido o desmatamento e degradação florestal.

Da redação

Com o objetivo de contribuir para a a redução do desmatamento e degradação florestal em comunidades ribeirinhas, o projeto ‘Amazonas Sustentável’ oferece oficinas e capacitações sobre conservação ambiental, empreendedorismo e educação no campo. A ação é uma parceria entre a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e a Petrobras.

Voltada para estudantes e professores, o projeto atua em cinco Unidades de Conservação (UCs) no Amazonas, sendo as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, Uacari e do Rio Negro; a Reserva Extrativista (Resex) Catuá-Ipixuna; e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.

RDS Uacari. Foto: Bruno Kelly/Divulgação

A iniciativa abrange, também, ações direcionadas para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) em comunidades ribeirinhas remotas, situadas nas bacias sedimentares dos rios Solimões e Amazonas.

As estratégias do projeto são desenvolvidas em três temáticas educacionais: Educação para a Conservação Ambiental, Educação para o Empreendedorismo e Educação no Campo. A FAS também possui parcerias com mantenedores como Bradesco, Americanas, Samsung, Coca-Cola Brasil e Fundo Amazônia.

Por meio de uma das oficinas do projeto, realizadas na RDS Uacari, Natanael Gondim, 21, afirmou que aprendeu questões relacionadas à conservação da mata, uso do solo e como contribuir no dia a dia para o monitoramento de desmatamento e focos de calor na floresta. Segundo ele, a motivação para participar do curso veio da vontade de ajudar a preservar a Comunidade Bauana, onde nasceu e cresceu, que como principal fonte de renda a produção de farinha.

“Vários comunitários trabalham apenas com a farinha e isso exige derrubada e queimada. Aprendemos a nos conscientizar e conscientizar os moradores de que existe uma forma de continuar trabalhando com o plantio de mandioca, mas sem queimar tanto ou derrubar mais do que já tem derrubado. E isso me incentivou, porque a minha comunidade é uma das mais produtivas e no mapa ela aparecia como uma das que tinham mais queimadas”, contou.

Na RDS Uacari, Natanael contribui com o monitoramento de desmatamento e focos de calor. Foto: Bruno Kelly/Divulgação

Para a estudante Verônica Praia, 16, moradora da Comunidade Punã, localizada no entorno da RDS Mamirauá, o projeto ensinou não só a relevância de proteger a área onde vive, mas também do engajamento comunitário para manter a floresta em pé. Ela está envolvida nas ações do componente ‘Biodiversidade’ do projeto ‘Amazonas Sustentável’, e participou da formação e mobilização das jovens lideranças locais para conter o desmatamento.

“A gente tem que cuidar do que é nosso. O objetivo era que a gente se aprofundasse mais na natureza, cuidasse mais, porque conhecemos diversas plantas que hoje são raras, que não achamos mais. Aquilo nos incentivou a cuidar mais da natureza, pois o que a gente tem, nem todo mundo tem”, relatou.

Além da capacitação, a jovem atuou na aplicação de questionários e está empenhada no monitoramento participativo de sua comunidade, uma ferramenta de apoio à gestão do uso dos recursos naturais e conservação da biodiversidade.

“Tiramos um dia por mês para verificar se as pessoas estão fazendo o que informaram no questionário. Por exemplo, perguntamos qual o lixo que era mais gerado em casa e o que elas faziam com ele. Muitos responderam que queimavam, outros falaram que faziam aterros. Então, neste dia do mês, verificamos como está essa situação”, explicou.

Verônica atua no acompanhamento comunitário para a conservação dos recursos naturais. Foto: Divulgação

Formação de professores para a educação no campo

Na comunidade São João do Lago do Jenipapo, em Coari, no Amazonas, o professor Alvanir Oliveira, 40, trabalha sem energia elétrica, com quase 20 anos dedicados à educação ribeirinha. A turma dele, na Escola Municipal João Rocha Linhares, reúne 16 crianças do primeiro ao terceiro ano do Ensino Fundamental.

Para aprender metodologias que ajudassem a atender a diversidade dessas turmas, Alvanir decidiu participar das oficinas de formação de professores para o ensino multisseriado, promovidas pelo projeto ‘Amazonas Sustentável’.

“Eu tive que me aprimorar, buscar mais conhecimento, métodos para aplicar em sala de aula. Aprendi como utilizar os recursos da própria natureza para ensinar e incentivar os alunos a preservar o local onde vivem”, afirmou.

Junto com Alvanir, cerca de 200 professores da rede pública de ensino de Coari, Tefé, Maraã e Uarini, no interior do Estado, vêm participando da formação, que acontece duas vezes ao ano em cada município. Entre eles, está Joel Matias, 33, professor da Escola Municipal Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que atende os jovens ribeirinhos da Comunidade Feliciana, em Tefé, no Amazonas.

Matias leciona a disciplina de Português para cerca de 100 alunos, divididos em duas turmas multisseriadas, sendo uma pela manhã, com estudantes do quarto e quinto ano, e outra no turno vespertino, com alunos do sexto ao nono ano. O professor destaca que as oficinas realizadas pela FAS ajudaram na inserção de temas regionais em sala de aula, “conversando” com elementos e valores da cultura amazônica.

“É maravilhoso quando você consegue fazer um bom trabalho e quando você tem apoio. Porque não adianta só o professor ser formado e ficar lá. Tem que ter esses programas para que o professor possa se qualificar, trazendo ideias novas e levando para os alunos”, ressaltou.

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